domingo, 15 de dezembro de 2013

Toda essa tecnologia está nos afetando.

Era uma vez Zé Carlos.
Zé Carlos ensaiava pelas ruas da cidade olhando pra cara das pessoas, sempre atrás daqueles óculos escuros, na ilusão de estar invisível.
Quem olhava de longe, pensava que era só mais um cara normal desses.

Porque ele era mesmo.

Queria sair pra dar uma volta, queria ver o mundo passar pela esquina e as paredes tremerem. Queria achar a princesa encantada. Queria fazer amor com ela. Queria transar com a amiga da faculdade. No meio desse processo, ele se perde.
Zé Carlos queria fazer alguma coisa pra quebrar o tédio. Via todas aquelas pessoas lendo seus jornais, dando suas risadas, mergulhadas num mundo não-palpável, sem sair de casa, sem sair da rua.

Algo está errado, Zé Carlos.

domingo, 24 de novembro de 2013

Now at days

Problemas normais da vida são designados pelas indústrias farmacêuticas como DOENÇAS MENTAIS, precisando assim de remédios cuja eficácia não podem ser mensurados, mas que causam efeitos secundários notáveis. Dessa forma:
Timidez………….vira…..Desordem de Ansiedade Social……………código 300.23
Perda de um ente…..vira…..Desordem Depressiva Maior………… código 296.2
Saudades de casa….vira..Desordem de ansiedade de separação… código 309.21
Desconfiança…..vira …..Desordem de Personalidade paranoica…código 301.00
Ter altos e baixos…..vira……Transtorno Bipolar………….………….código 296.00
Ser distraído…………vira.….. DHDA………………….…………………... código 314.9

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

2 dias em claro.

Pensando no que fazer no dia seguinte. Vendo quelas pessoas, ouvindo músicas e fazendo músicas de entendimento próprio. Olhava para os olhos dela, e notava que a moça não estava tão bem quanto aparentava estar, apesar de portar um enorme sorriso no rosto. É foda. É algo que também nunca vou entender. Ouvindo todas aquelas vozes, tragando todas aquelas fumaças diferentes e sentindo perfumes diferentes em peles diferentes, de variadas cores, tons, sabores e histórias.

- A história dela era a que eu menos queria saber.

Mesmo assim, se aproximou e disse oi.
Roubou as chaves do meu carro, me drogou, me amou e disse que na manhã seguinte fugiríamos pra qualquer lugar, outro lugar, qualquer lugar no sul do país.

- Tudo mentira.

Nessas horas a gente precisa de um cigarro, mas passar raiva e ansiedade talvez seja bom pra aprender que flores devemos cheirar, de quais copos devemos beber e com quais bocas devemos interagir. Tudo muito difícil.

49 horas sem dormir.

Pensando no que fazer no dia seguinte.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Saiu pra comprar cigarros e nunca mais voltou

Tudo tranquilo, tudo normal na casa. Os pássaros cantando do lado de fora da janela e ela ali, na janela olhando e dando a última tragada do último cigarro do mês.
No olhar, carregava a compaixão de que nada deve ser aprisionado, mas sim querido, conquistado, de maneira pura e inocente, onde haja a intenção e vontade de voltar.

"Vou embora." Pensava.

- Até amanhã. - Dizia.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Long time no see

Acordar de sonhos e tomar choques de realidade.
Acontece nas melhores ocasiões.

domingo, 6 de outubro de 2013

Porque você é louca

Porque a mente é a minha casa e o mundo é meu quintal.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre querer parar de fumar.

É foda.
Quatro dias que eu parei, parece que as coisas tem mais sabor, sabe? Chegar nos lugares e saber que as menininhas não curtem o cheiro, o gosto do beijo. Ou ver que a maioria delas falsifica identidades e chega nos lugares com um cheiro de Carlton pior que o seu cheiro do Marlboro. É complicado. Mulher é uma merda.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Depois.

E depois de tudo isso, ainda tem a coragem de chegar naquele hospital com aquele rosto falso, num sonho que não era dela. Naquele corpo que não era dela e dizendo palavras que não eram dela. Construindo cenários que ele adorava, e brincando com as pessoas que ele detestava todas no mesmo traje branco, enquanto o rapaz se perdia num coma profundo, do qual estava prestes a acordar e retornar. Mas ela sorria.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Frio na cidade

Daí ela cresceu. Começou a fazer planos, e fazia planos em meio a vários papéis espalhados em cima da mesa. Mudou de cidade duas vezes, e de uma pra outra não levou nada além de memórias de restaurantes e baladinhas fim-de-noite. Deu um sorriso amarelo pro cara, e foi embora.
Começou então a se digladiar por aí com outras mulheres a quem não devia satisfação nenhuma, mas pela falta de energia na vida, começou a não se importar tanto com o excesso dela, e o desperdício de vida. No fim tanto faz. Sonhava com incêndios em castelos no meio de cidades grandes, com homicídios cinematográficos e com o cigarro no final da tarde. Sonhava com Sexo com e sem amor, com e sem pessoas. Tinha um gato e um cachorro a quem doava todo seu afeto, mas não todo seu tempo. Despedia-se com certa timidez de seus bichos, com aquela mesma frase "Eu vou, mas volto."
Não era sempre que arrumava quem cuidasse dos bichinhos, mas eles sempre sobreviviam. E gostavam.
Ela esqueceu quase que completamente dele, que agora passava horas e horas se esfaqueando na frente do espelho na esperança de chamar atenção.

E a cada facada dele, um sorriso dela, e na primeira facada dela nela mesma, duas mortes.

sábado, 11 de maio de 2013

Pawn shop 2

- O que aconteceu com ela?

- se afogou em sonhos e cafés. ignorou todas as formas de realidade que podiam e que não poderiam ser percebidas por nós. Ignorou o amor e o ódio. Ignorou a si mesma e tentou fugir pra cenários que não existiram e não existirão.

- Mas que coisa.

Os dois mantiveram o olhar fixo naquele rosto esbranquiçado. Os olhos abertos não expressavam dor. Não expressavam sentimento algum, nem refletiam luz alguma.

- Fique com isso, menina. - o Doutor dizia. - E pingue nos olhos dela dia após dia, até que eles se fechem.

Tudo aconteceu depois daquele café.

quarta-feira, 20 de março de 2013

O furacão na loja de penhores.

- Aí eu falei que não, né? Porra nenhuma. O cara não me respeita...
- Mas isso antes ou depois da...

- Olá. 


As duas olham pro cara que acabara de entrar. Aspecto meio idoso, com aquele chapéu verde, o olhar perdido e o cheiro de cigarro impregnado no corpo. 
- Como podemos te ajudar, senhor? - uma das mocinhas atrás do balcão pergunta, olhando-o dos pés à cabeça, sabendo que ele não poderia saber onde estava.
- Onde eu estou?

Elas se encaram, como quem já sabe exatamente como proceder. Mas com ele seria diferente. Das outras vezes que isso ocorreu, preferiram conscientizar as pessoas o quanto antes. Mas com esse cara não. Talvez fosse melhor dar uma brincada, talvez fosse melhor deixá-lo descobrir sozinho exatamente onde estava e por que estava. Mas em todo caso, ficaram caladas.
- Isso aqui é o café ao lado do paraíso, senhor. Como podemos ajudá-lo? Está servido de um café?

- Posso usar o telefone?
- Mas pra quem o Senhor quer ligar?

Raras as  vezes em que nos falha a memória e que tudo que há no bolso é aquele box com dois filtros vermelhos e um frasco conta-gotas.
Talvez o paraíso fosse mesmo ao lado.


Ele sorri, tira do bolso aquele frasco.
- Estou servido do café.-tosse- e faço questão de companhias...



segunda-feira, 18 de março de 2013

The beggining of the end


I need to live outside of my head

Pensa todos os dias antes de dormir, com pouca idade e alguns problemas.
Abusa das amiguinhas na escola, tira algumas fotos e publica em algumas redes sociais.
Tem uma vida animada.
Faz coisas e não conta pra ninguém.
Esconde informações valiosas debaixo dos olhos claros.
Usa drogas diversas.
Precisa parar com isso, antes de ficar louca.



Mas como assim, né?

The heaven and the sex shop

 - mas quando foi que isso começou? -

E permaneceu quieto, atônito no meio daquele ambiente verde, úmido, com árvores bastante altas e um som escondido por entre as nuvens. Coisa linda de se ver.
Mas aí ele olha pro lado, pro outro, e fica se perguntando quando, como e por que havia chegado ali. Sem sucesso. O tubo de sonhos estava intacto.Ele desacreditou.
Pensou coisas e coisas, se perguntando como seria possível. Vez pós vez, dia após dia vagando pela floresta sem a menor ideia do que poderia estar acontecendo. De verdade. O dia não virava noite, as nuvens não se moviam. Ele não sabia. Não precisava saber.

Ao longe, a grade. Apenas uma grade, enorme, que separava por um letreiro escrito à mão:
"paraíso".

Sem consciência, separado do aqui e do paraíso por uma grade.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Pawn Shop

- Olha, isso aqui não tem valor nenhum pra mim.
- Mas eu preciso do dinheiro, moço. Preciso muito.
- Da próxima vez, traga algo de valor.

Aquele silêncio hostil então se faz bastante presente naquela salinha pequena, com cheiro de cigarro e remédio pra dormir. Mais uma vez uma moça decepcionada sai daquela sala carregando uma tralha qualquer que pretendia trocar por dinheiro, ou por dignidade, nunca se sabe ao certo das intenções das pessoas nessas situações. Mas poderia ser eu, ou poderia ser você, dependendo do dia.

E aí, àquela hora do dia chega o cara menos bem-vindo de todos. Uma aparência jovem, porém bastante desgastada pelo tempo, ou pelas horas sem dormir, pelo excesso de cigarro e pensamentos obsessivos numa cabeça perturbada. Talvez fosse um gênio dessa nova geração, talvez fosse só mais um desses malucos que vendem a alma por 20 mangos e compram uma cadeira na sessão das 18:00 pra um filme ridículo desses.

Ele entra e não diz nada.
Do lado de cá, o senhor olha dos pés à cabeça o ser que ali se apresentava, prestes a recusar toda e qualquer oferta que ele fizesse, só porque não foi muito com a cara do sujeito, ou até porque ele não tem nada pra oferecer mesmo.
- Bom dia.
- Bom dia. - o rapaz responde com a voz meio trêmula, meio muda.
- E aí?
O rapaz tira do bolso um frasco contendo um líquido transparente. Um frasco pequeno, desses que em qualquer farmácia se arruma facilmente. O frasco pela metade, os olhos esbugalhados dele e aquele comportamento de quem tá sem dormir a dias, quase se perdendo na própria mente. E não diz nada, esperando qualquer reação do senhor atrás da mesa.

- Que é isso?
- Alguns sonhos que eu peguei.
- Sonhos?
- Sim.

Silêncio.

E dadas as circunstâncias, a hora, e a cara do louco que oferece sonhos em troca de dinheiro, talvez fosse verdade. Talvez não.

- Quer quanto nisso?
- Quero trocar.
- Menos mal. E quer o quê?
- Quero aquele revólver ali.
-leva.

"menos mal. Eu não pagaria mesmo por isso."
- Bastante cuidado com esses sonhos, senhor. Até mais.

E o rapaz se dirigiu até a porta, e um barulho estrondoso ecoou pelo corredor. A cabeça já não existia mais, e as paredes brancas tomaram tonalidade vermelho-sangue.

Depois do susto, ele olha pro meio frasco de sonhos em cima da mesa, e faz dois desejos.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Trecho apagado da Opera

"E como num dia chuvoso com raios de sol, o homem estava ali, parado, incrédulo com o telefone na mão esquerda e aquele cigarro na mão direita. Esperava porque esperava encontrá-la, nem que fosse pra trocar um mero olhar e depois ir embora por aí, como se nada tivesse acontecido.
 - Estou aqui. Estou te esperando aqui. Naquele lugar.

Do outro lado da linha ela sorria e chorava. Os cabelos vermelhos se perdiam no vento, que se perdia no rosto dele, que se perdia no passar dos minutos. Implorando fortemente para que ela não desligasse o telefone, e ela chorando o arrependimento antes mesmo do encontro virar realidade. Trocaram algumas palavras vagas, e do outro lado ela ouvia o coração aflito dele saltando de dentro do peito, enquanto o suor escorria pelo rosto e as palavras pela boca. - Eu só quero te ver. - Ele dizia.
E devo confessar que o encontro não aconteceu.
- estou exatamente aqui, meu rapaz. - E ela se perdia num misto de sorriso e soluço, sabendo que aquele sonho não aconteceria.
- Estou na frente da praia, estou olhando pro mar, estou esperando no lugar que você escolheu.

A ligação cai.

E como eu já vos alertei, essa não é uma história de amor. Conforme ela chegava perto do local, ele, aqui do outro lado, sentia o cheiro dela. Sentia através do vento aquele aroma adocicado, que em muitas outras ocasiões ele havia sentido. Algumas gotas caíram do céu, e o vento cortava o ar formando uma sinfonia que ele já ouviu, mas fez questão de esquecer.

O telefone toca de novo.

- eu só não queria te entristecer. Mas cheguei. Tô aqui.

E ele chorou pela segunda vez. Não pelo arrependimento, não pela saudade, não pelo amor, mas pela dor. A dor de estar no mesmo espaço que ela, e não poder vê-la.
Acontece o tempo todo por aí, devo comentar.
Há quem diga que fora daqui existam vários outros planos, e provavelmente foi mais ou menos isso que aconteceu. O rapaz não deixou de acreditar, não deixou de ouvi-la, mas a dor foi tal que, a partir daquele dia, ele nunca mais proferiu palavra alguma que se referisse a ela. Esqueceu os cabelos e os olhos vermelhos, esqueceu o celular na praia.  'Preciso acordar. Preciso parar com isso' como quem se convence de um estado de ilusão maior que a realidade. Mas a essa altura, não vou questionar o que é realidade e o que não é, até porque não nos importa mais.
Fiquei triste pelo rapaz, mas nada pude fazer na ocasião. Porém devo confessar que ela era uma ótima mulher. Foi uma pena"




Me perguntaram certa vez por que eu apaguei esse capítulo inteiro da Opera.
Apaguei porque não tem mais nada a ver. Porque eu quis.

quarta-feira, 13 de março de 2013

M4rch

Uma sensação terrível se apossou de mim, de tal forma que eu só consigo pensar em merda.

Que merda.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Rosa


Frieza. Substantivo feminino. Qualidade do que é frio. Falta de ardor, falta de amabilidade;
Exemplo;

"Passarei amanhã, para buscar o que é meu."


E fui. Dentro de mim residia um grito, e fora, um silêncio. Daí eu vi você abrir a porta, com aquele seu cigarro que  nunca me agradou, mas eu fumava porque você me oferecia, ou sei lá. Eu tinha os meus motivos. Não quero me justificar com você, só voltei aqui pra buscar meu fone de ouvido mesmo, e todo o resto você pode queimar, jogar  fora... você é quem sabe.

E eu quero um cigarro, também.

um bom dia.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

quatro do dois

- Acabou o mês, amor. E o que você fez?
- Nada, eu acho.

Mas na verdade, tinha cometido dois homicídios dentro de si, tinha pensado em maneiras não tão dolorosas de sumir com dois corpos (dentro de si, ainda.)
Tinha conseguido, mas voltou lá um dia pra desenterrar, e viu que os dois estavam em perfeito estado, e que inclusive um deles tava até dando gritinhos de prazer, como se estivesse feliz em ver o assassino abrindo o túmulo, meio que pra admirar as atrocidades que fizera.


"Não consigo passar mais de 24 horas sem falar com você. E isso é uma merda."

E no meio do silêncio, ele diz:
- Mas você morreu. Eu te matei.

Tudo meio (muito) duvidoso.

Já o outro corpo ainda tava lá, sem vida. Respirando, pensando sozinho em coisas que jamais saberemos.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Blerg

- Tá, mas o que você fez de bom enquanto tava viva?
- Ah eu... Estudava, trabalhava... ganhava minha grana...
- Não... tá bom. - Aí ele arruma o óculos na cara como quem já perdeu a paciência, mas não quer falar. Dá um suspiro profundo enquanto ela percebe que lentamente os pelos do braço dele se arrepiam.

- Vou tentar de novo.
- Mas como assim?
- E no social? Gostava de alguém? Tinha muitos amigos? Essas coisas...
- Ah, eu tinha uma galera né...
- Acha que algum deles lembra de você?
- Ai...
- Tá bom, tá bom. Precisa mais falar nada não.

Ele assina um papel, aponta uma porta.

- Que porta é aquela?
- Ah... É o seu paraíso pessoal.
- Como assim?
- Entra lá e olha, porra. - É. ele claramente já tinha perdido a paciência... mas não era nem com ela. Era com essa cara de ingênua, esse micro-vestido e essa maquiagem borrada, ou talvez seja porque ela não sabe dizer direito se era ou não uma pessoa boa enquanto estava por aqui... Vai lá saber.

O próximo era esquisitão, devo mencionar. Baixo, negro, com esse aspecto esquisito e esse jeito torto de andar. A pele do rosto queimada pelo sol (ou sabe-se lá o quê) contrastando com as olheiras profundas e um olhar perdido, como quem acabou de morrer e ainda não descobriu.

- Senta aí, filho.
- Oi.
- Que cara é essa? Tava fazendo o quê quando te pegaram?
- Como assim?
- Você morreu, filho. Será que te enganaram de novo?
- Morri? Caralho. - E a expressão nos olhos dele eram de verdadeira surpresa, mas um leve sorriso se abriu pouco depois daquela segunda piscada. Os olhos brilharam, e do bolso ele tirou aquela carteira com os dois últimos cigarros, o molho de chaves e uma lembrança que preferiu ignorar.

- Mas como assim eu morri?
- Bem... - O cara arruma o óculos e lê ali num papel qualquer coisa escrita, não li, não faço a mínima do que seja.
- Aconteceu acho que ontem a noite, quando você achou que tava sonhando e não tava. Alguma coisa assim. Mas que bom que não doeu, né filho?
- Que bom, né? Pode fumar aqui?
- Poder não pode, mas se isso te deixar menos travado pra conversar direito comigo.
- Se pá.
- Mas que porra é essa? "se pá"? Essa geração sua não sabe mais falar.
- Talvez.
- Talvez o quê?
- Talvez... se pá... mesma coisa.
- Ahhh sim.... - Ele tosse - Mas sem soprar na minha cara.
- Beleza.
- Mas você não ia durar muito mesmo. Seus hábitos foram muito... Qual é a palavra?
- Escrotos.
- É...não... aliás. Pode. Pode ser. Você devia ter se cuidado mais, filho.
- Eu também acho.
- Não quer dizer nada? Não se arrepende de nada... Nada não? Tá conformado mesmo?
- Até que sim.

Silêncio.

E aí o cara levanta, dá uma caminhada em volta da sala. Olha fixamente pro casaco preto, pra pele negra e pros leves tremores que o rapaz vez ou outra expressava.

- E como você se divertia, filhão?
- Posso fazer uma pergunta antes?
- Pode, claro.
- Por que você tá me chamando de filhão?
- Só um jeito menos hostil de tratar pessoas como você.
- Como eu? Como assim?
-Sensíveis.
- Ah...
- Não era isso que você dizia?
- As vezes.
- Entendo... E as pessoas?
- Que pessoas?
- As pessoas que você conhecia. As melhores, digamos assim. Eram muitas?
- Algumas...
-Gostava de muitas pessoas?
- Algumas.
- Conhecia essa que acabou de entrar ali?
- Não.
- Bom... Bom demais.
 - Por que?
- Pra saber.
- Posso fazer duas perguntas?
- Pode, claro. E não precisa me perguntar, só faz.
- Quem é você, e por que você está me fazendo essas perguntas?
- Eu sou você, amanhã.
- Mas eu morri.
- Quase.
- Hm... Tô vivo ainda?
- Quase... E deu, já.
- O quê?

E aí o cara fecha o caderno, olha bem nos olhos do rapaz. Dá um sorriso de leve, puxa aquele mesmo cigarro do bolso e diz:
- Felizmente você tem duas portas. Aquela ali, ou aquela ali.
- Mas como assim?
- Escolhe uma e entra.
- Massa.



E aí repentinamente você acorda no outro dia, 09:41am, chuva de sempre, silêncio de sempre.



domingo, 13 de janeiro de 2013

A bloody sunday

Chuva + Fossa + Música.
:D

ainda existem pessoas especiais no BRASIL!

sábado, 12 de janeiro de 2013

As vezes, né...


mas sei lá, eu sou muito apaixonado
muito sonhador
as vezes nego tá fumando mentolado porque não tem marlboro.

12/01/2013 23:02


é uma merda
mas, ao longo dos dias e das experiências, você aprende a ficar em silêncio
enquanto a parede derrete na sua frente, o piso come sua perna
seu coração quase para
e você fica remoendo fatos
enquanto tudo isso acontece, e enquanto sua mente está vulnerável a qualquer coisa.
é complicado, mas é quase prazeroso.

e aí você enterra, passa a mão na testa e respira aquela última respirada, enquanto o último olhar se perde em frente à cena.
pega a pá, a água e vai embora.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Aproveitando os momentos:

Acordei espantado com o dia, como se na noite passada tivesse ouvido muitas carruagens tocando músicas repetitivas, até que o coração parasse. É: quase aconteceu. Mas não comigo.
Aconteceu que no fim do dia, eu te encontrei. Mesmo olhar perdido de sempre, e assim me perco nas suas ideias e no seu vestido roxo, que eu vi você comprar um dia desses aí... Acho interessante até o jeito com que você lida com as suas cores. Elas ficam lindas em você.
Passei a ignorar alguns pedidos e... enfim. Enfim você surgiu e melhorou um pouco as coisas (no campo das idéias).