quinta-feira, 14 de maio de 2015

O corredor e a dor.

Trecho da Opera:

'Um ensaio de reação; Toda a dor do mundo que podia e que não podia ser sentida, naquele dia naquele café, com olhos verdes, unhas e dentes afiados. Mordia bem forte. Não que se sinta na hora, mas no outro dia dói. É chato, mas cura diversas outras feridas. É a pele, e talvez as memórias um pouco apagadas da noite passada, mas o pouco que se lembra eram das curvas, e da voz. principalmente da voz. Na hora foi bom mas agora...

'O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar-nos a suportá-la.'

Já aos 40 e sem muitas opções, Acende um cigarro, Delicia-se por um momento com a sensação de não poder aprisionar algo, ou alguém... depois chora. Seria melhor que estivessem aqui pra te matar com um tiro. Seria menos doloroso.

Mas as vezes não é.

A figura dela na porta com aquele revólver e aquela mala de dinheiro era uma coisa cinematográfica, mas o que importa mesmo foi que ela acertou o tiro na perna, bem no fêmur. Talvez a dor do arrependimento seja bem fraca, mas o gosto talvez seja terrível, assim como era ela, e o corredor tem mais quatro portas, e aqui seria o final da ópera, se não houvesse o ídilio sobre a dor.

A alguma altura da vida, antes desse tempo, Quando tudo começou e só existia nada ao redor, e cá a dor, e as grades e o mundo ao redor ruindo um estranho silêncio no meio do vento. Correntes, amarras, agulhas, um rosto borrado e no chão, palavras soltas sobre o motivo disso tudo.

Estranha a sensação de ter a visão pintada de vermelho, por nós próprios, e ele ali sentado, e uma máquina de dor, e aquele olhar avermelhado-claro...
Diz-se que no corredor, as portas abrem e fecham e o final é subjetivo a cada um.
foram os últimos suspiros aqui, mas não era o final da Opera.
Talvez tenha-se merecido.'