segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Blerg

- Tá, mas o que você fez de bom enquanto tava viva?
- Ah eu... Estudava, trabalhava... ganhava minha grana...
- Não... tá bom. - Aí ele arruma o óculos na cara como quem já perdeu a paciência, mas não quer falar. Dá um suspiro profundo enquanto ela percebe que lentamente os pelos do braço dele se arrepiam.

- Vou tentar de novo.
- Mas como assim?
- E no social? Gostava de alguém? Tinha muitos amigos? Essas coisas...
- Ah, eu tinha uma galera né...
- Acha que algum deles lembra de você?
- Ai...
- Tá bom, tá bom. Precisa mais falar nada não.

Ele assina um papel, aponta uma porta.

- Que porta é aquela?
- Ah... É o seu paraíso pessoal.
- Como assim?
- Entra lá e olha, porra. - É. ele claramente já tinha perdido a paciência... mas não era nem com ela. Era com essa cara de ingênua, esse micro-vestido e essa maquiagem borrada, ou talvez seja porque ela não sabe dizer direito se era ou não uma pessoa boa enquanto estava por aqui... Vai lá saber.

O próximo era esquisitão, devo mencionar. Baixo, negro, com esse aspecto esquisito e esse jeito torto de andar. A pele do rosto queimada pelo sol (ou sabe-se lá o quê) contrastando com as olheiras profundas e um olhar perdido, como quem acabou de morrer e ainda não descobriu.

- Senta aí, filho.
- Oi.
- Que cara é essa? Tava fazendo o quê quando te pegaram?
- Como assim?
- Você morreu, filho. Será que te enganaram de novo?
- Morri? Caralho. - E a expressão nos olhos dele eram de verdadeira surpresa, mas um leve sorriso se abriu pouco depois daquela segunda piscada. Os olhos brilharam, e do bolso ele tirou aquela carteira com os dois últimos cigarros, o molho de chaves e uma lembrança que preferiu ignorar.

- Mas como assim eu morri?
- Bem... - O cara arruma o óculos e lê ali num papel qualquer coisa escrita, não li, não faço a mínima do que seja.
- Aconteceu acho que ontem a noite, quando você achou que tava sonhando e não tava. Alguma coisa assim. Mas que bom que não doeu, né filho?
- Que bom, né? Pode fumar aqui?
- Poder não pode, mas se isso te deixar menos travado pra conversar direito comigo.
- Se pá.
- Mas que porra é essa? "se pá"? Essa geração sua não sabe mais falar.
- Talvez.
- Talvez o quê?
- Talvez... se pá... mesma coisa.
- Ahhh sim.... - Ele tosse - Mas sem soprar na minha cara.
- Beleza.
- Mas você não ia durar muito mesmo. Seus hábitos foram muito... Qual é a palavra?
- Escrotos.
- É...não... aliás. Pode. Pode ser. Você devia ter se cuidado mais, filho.
- Eu também acho.
- Não quer dizer nada? Não se arrepende de nada... Nada não? Tá conformado mesmo?
- Até que sim.

Silêncio.

E aí o cara levanta, dá uma caminhada em volta da sala. Olha fixamente pro casaco preto, pra pele negra e pros leves tremores que o rapaz vez ou outra expressava.

- E como você se divertia, filhão?
- Posso fazer uma pergunta antes?
- Pode, claro.
- Por que você tá me chamando de filhão?
- Só um jeito menos hostil de tratar pessoas como você.
- Como eu? Como assim?
-Sensíveis.
- Ah...
- Não era isso que você dizia?
- As vezes.
- Entendo... E as pessoas?
- Que pessoas?
- As pessoas que você conhecia. As melhores, digamos assim. Eram muitas?
- Algumas...
-Gostava de muitas pessoas?
- Algumas.
- Conhecia essa que acabou de entrar ali?
- Não.
- Bom... Bom demais.
 - Por que?
- Pra saber.
- Posso fazer duas perguntas?
- Pode, claro. E não precisa me perguntar, só faz.
- Quem é você, e por que você está me fazendo essas perguntas?
- Eu sou você, amanhã.
- Mas eu morri.
- Quase.
- Hm... Tô vivo ainda?
- Quase... E deu, já.
- O quê?

E aí o cara fecha o caderno, olha bem nos olhos do rapaz. Dá um sorriso de leve, puxa aquele mesmo cigarro do bolso e diz:
- Felizmente você tem duas portas. Aquela ali, ou aquela ali.
- Mas como assim?
- Escolhe uma e entra.
- Massa.



E aí repentinamente você acorda no outro dia, 09:41am, chuva de sempre, silêncio de sempre.



domingo, 13 de janeiro de 2013

A bloody sunday

Chuva + Fossa + Música.
:D

ainda existem pessoas especiais no BRASIL!

sábado, 12 de janeiro de 2013

As vezes, né...


mas sei lá, eu sou muito apaixonado
muito sonhador
as vezes nego tá fumando mentolado porque não tem marlboro.

12/01/2013 23:02


é uma merda
mas, ao longo dos dias e das experiências, você aprende a ficar em silêncio
enquanto a parede derrete na sua frente, o piso come sua perna
seu coração quase para
e você fica remoendo fatos
enquanto tudo isso acontece, e enquanto sua mente está vulnerável a qualquer coisa.
é complicado, mas é quase prazeroso.

e aí você enterra, passa a mão na testa e respira aquela última respirada, enquanto o último olhar se perde em frente à cena.
pega a pá, a água e vai embora.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Aproveitando os momentos:

Acordei espantado com o dia, como se na noite passada tivesse ouvido muitas carruagens tocando músicas repetitivas, até que o coração parasse. É: quase aconteceu. Mas não comigo.
Aconteceu que no fim do dia, eu te encontrei. Mesmo olhar perdido de sempre, e assim me perco nas suas ideias e no seu vestido roxo, que eu vi você comprar um dia desses aí... Acho interessante até o jeito com que você lida com as suas cores. Elas ficam lindas em você.
Passei a ignorar alguns pedidos e... enfim. Enfim você surgiu e melhorou um pouco as coisas (no campo das idéias).