sexta-feira, 3 de setembro de 2010

As grandes surpresas da vida

Então um dia aquele senhor chega em casa mais uma vez de um longo e gratificante dia de trabalho. As luzes acesas, nenhum som ouvia-se pelo ar, até que ele resolve abrir a porta da sala na esperança de ser recebido como sempre fora pela esposa e filha. Apenas algumas cartas em cima da mesa de centro e o silêncio. Furtivamente ele sobe as escadas, e um som não muito agradável invade os ouvidos.
Então descobre-se que a princesinha não era tão princesinha assim. Alguns namorados, amigos talvez possuindo-lhe o corpo como ele nunca imaginaria que fosse possível, os olhos sedentos por algo que talvez os rapazes possuíssem, o coração dilacerado do homem velho deixado na porta. Aquilo não estava certo, apenas não estava. E ela nem se importou com a imagem, e ele descobriu do pior jeito que a princesinha não era mais princesinha.
Os sorrisos sarcásticos.

E então ele resolve descer para o jantar. Que jantar? O de ontem, requentado às pressas no microondas. Coragem lhe faltava para impedir todos aqueles movimentos violentos no corpo da filha, mas ela parecia gostar...Então nada se pode fazer para que ela pare de violentá-lo daquele jeito. O telefone toca. Grita, esperneia e ele atende com uma voz derrotada de decepção, de alguém que não pode fazer mais absolutamente nada pra continuar vivo, e eis que ele reconhece o alguém no outro lado da linha. Aquele alguém que deveria ter preparado o jantar, e que deveria estar ali para ajudá-lo a tirar a princesinha de todo aquele paraíso libidinoso.

- São DOIS rapases! DOIS RAPASES!
- Nada posso fazer. Você um dia saberia que ela viraria uma mocinha, e saberia também que...- outro daqueles silêncios mortais que não são nada agradáveis de se ouvir. E ela desliga do outro lado da linha.

Estranho como só agora ele notou as cartas em cima da mesa de centro.
E em uma delas, a maior decepção da vida, talvez:

"Fui embora. Não te aguento mais.
Com amor: Sua esposa."

As maiores surpresas da vida.
:D

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Batom

Recebi uma proposta muito interessante por e-mail, e acho bem válido postá-la aqui.
Não é muita coisa não, mas me pediram pra explicar a letra de uma música muito famosa nas rodas de violão, quando existe roda de violão. É uma música que nem todos os chatos do violão sabem tocar, mas 80% das vezes os derrotados pedem. Eu quase sempre toco, mas só quando lembro mesmo, porque tem uma hora que cansa.
ha

Tá aí:

Chão de Giz - Zé ramalho + Elba Ramanho
:




Eu pesquisei, obviamente. "Estudei" a história do Zé Ramalho (vale muito a pena. Procurem saber depois) e entre uma interpretação e outra, acabei chegando no que julgo ser a "mais correta".
Eu não acredito que exista uma interpretação 100% precisa, até porque cada um é cada um, cada um ouve música de um jeito diferente, lê de um jeito diferente, sente de um jeito diferente e por aí vai.

E tudo começa assim:

Foi em 1972. Zé Ramalho trancou-se num quarto, sem comer, sem falar com ninguém, apenas com o violão. Como todos sabem, Zé Ramalho já foi garoto de programa (inclusive tem duas músicas dele que falam disso.) e foi nessa época que ele se apaixonou por uma mulher que conheceu num carnaval da alta sociedade. Rica, talvez bonita, sei lá e bastante famosa. Casada, infelizmente ou felizmente, pois se ela não fosse casada e não fosse um amor platônico, não teríamos essa maravilha da música nacional. Chorem.

"Eu desço dessa solidão
Espalho Coisas sobre um chão de giz"

Chão de giz. Zé Ramalho tinha o hábito de espalhar pelo chão todas as lembranças dela. Fotos e coisas assim (ela era famosa). Chão de giz indica também a facilidade com que o relacionamento pôde ser apagado. (mas pra ele não. obviamente)

"Há Meros devaneios tolos a me torturar.
Fotografias recortadas em jornais de folha
Amiúde!"

Ficava mergulhado em pensamentos sobre ela, e nas fotos que ele recortava dos jornais.

"Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"

Pano de guardar confetes são aqueles sacos típicos das costureiras nordestinas, onde elas jogam restos de pano e coisas assim. No verso, ele provavelmente diz que vai jogar as fotos que recortou nesse pano, afim de não mais vislumbrar aquelas fotos.

"Disparo balas de canhão é inútil
pois existe um grão vizir"

Ele tenta dar continuidade ao relacionamento. Mas é inútil, porque ela é casada (Grão Vizir)

"Há tantas violetas velhas sem um colibri"

Meio paradoxal pra ele, como ela pode recusá-lo (ainda jovem/colibri) se existiam muitas madames velhas (violetas velhas) que, no lugar dela, se sentiriam lisongeadas de praticar o sexo com alguém mais novo. É.

"Queria usar quem sabe uma camisa de força
ou de vênus"

Ele ainda sente vontade de deixá-la, mas ao mesmo tempo sente vontade de deitar-se mais uma vez com ela.

"Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro"

Percebe-se que ele sente um enorme amor pela mulher, quando ela somente sente tesão. E ele diz que não vai deixar-se vencer pela vontade dela, de somente possuí-lo para o sexo, temporariamente. E ainda complementa dizendo que tudo aquilo termina com o cigarro após o ato.

"Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom"

Pra quê beijá-la, amá-la, se ela quer apenas o sexo?

"Agora pego um caminhão
Na lona, vou a nocaute outra vez"

Ele tentou ir embora, mas, por algum motivo (amor talvez) voltou para perto dela, para mais uma vez ser rejeitado emocionalmente, pois ela só queria mesmo o sexo, e não o amor.

"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar"
Amor de mais da parte dele. Ele se sente preso a ela.

"meus vinte anos de boy that's over baby
Freud explica"

Ele era muito mais novo que ela. Complexo de édipo talvez.

"Não vou me sujar, fumando apenas um cigarro"

Ele não vai mais ter relações com ela sabendo que não passará disso.

"Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval"

Lembrando que eles se conheceram num carnaval, ele diz que o relacionamento acabou. (Voltando a dizer das fotos que guardava no pano)

"E isso explica porque o sexo é assunto popular"

Aí ele diz que, do amor dele por ela, ou dela por ele, só sobrou o sexo. E talvez seja por isso que é tão popular. Pra ele, isso não é tão importante assim.

"No mais, estou indo embora"

Pois é. E aí depois de tudo isso ele acaba indo embora e é assim que tudo termina.



Texto:
Uma amiga minha escreveu no blog dela.
e é bem assim:

Aquela Sensação.

”Sabe, aqui fora tá tão frio… aonde está você ? Me telefona, estou preocupada com você. Você marcou comigo ás 21:30h já vai dar quase 23:00h. Será que estou sendo burra em esperar você ? Você não é de furar os escontros comigo. Ah, quer saber ? Vou embora.” - Disse Alana no celular antes de saber o que iria acontecer… Ela estava muito brava pelo fato do seu namorado Pedro não aparecer para seu encontro de 2 anos de namoro.

Caminhando de volta pra casa, Alana se depara com uma multidão de pessoas ao redor de alguma coisa… curiosa, Alana foi espiar o que tinha acontecido. Era um menino que havia sido atropelado por um carro em alta velocidade. De repente, Alana dá um grito e começa a chorar, era seu namorado que havia sido atropelado. Ela vê uma carta ensanguentada em sua mão, na carta dizia : ”Para Alana”. Ela não abriu, mas levou para sua casa.

Depois de muitas lágrimas, ela deita em sua cama… e abre a carta, nela dizia: ”Alana, eu realmente me sinto lisongeado por namorar uma garota feito você. Sabe, muitas pessoas me diziam que não existia amor verdadeiro e sincero, acho isso uma mentira…Pois temos dois anos de namoro para comprovar isso. Ainda me lembro no dia que te vi, você tava com aquele lenço de bolinhas que eu tanto gostava e aquele vestido lindo. E de repente, eu senti aquela sensação dentro de mim… Sabe que sensação ? Que queima seu coração com um novo sentimento dentro de você… pois é, senti isso quando te vi. Mas enfim, eu te amo muito meu amor… e esses dois anos que fizemos juntos, foram os melhores dois anos que eu tive. Pedro.”

Alana quis se matar, depois que tinha dito aquilo tudo no celular… Ela realmente não sabia nem como reagir. E logo adormeceu depois de chorar mais uma vez.

No enterro, com o caixão de Pedro já descendo buraco á baixo… Alana beija uma rosa vermelha e uma carta, e joga para dentro do buraco. Nela dizia: ”Eu sinto aquela sensação até hoje, te amo Pedro.”"


Pena que as coisas não são assim, que ninguém ama assim, que amor não existe e que nada pode ser tão bonitinho assim, né?